A coletiva ocupação é um grupo criado em 2017 por performers e artistas que se conheceram durante o levante do movimento secundarista e as ocupações de escolas públicas em São Paulo.

Criado em 2017 por performers e artistas que se conheceram durante o levante do movimento secundarista e as ocupações de escolas públicas em São Paulo, entre 2015 e 2016. Do encontro entre rebelião e teatro, entre formação e criação, nasce a coletivA ocupação, como um território de investigação de diferentes linguagens e narrativas a partir de levantes e combates urgentes de nosso tempo: corpos em revolta, que agora ocupam novos espaços e narrativas.

Performers das próprias vidas, atores se formando no fazer: todo ímpeto revolucionário se trata, de certo modo, de uma aposta. Um ato que só se legitima ao fazer. A coletivA ocupação traz a emergência de corpos cansados de não serem ouvidos; de corpos exaustos por sua invisibilização. Corpos que entendem que não precisam pedir licença para existir."
Amilton Azevedo, ruína acesa –
histórico
Em outubro de 2015, o Governo do Estado de São Paulo tentou impor um projeto para reorganizar e fechar mais de 100 escolas estaduais, sem consultar os estudantes ou a comunidade escolar. Como resposta a esse projeto autoritário, secundaristas de toda a grande São Paulo se rebelaram contra o Estado. Depois de uma série de manifestações, todas reprimidas pela Polícia Militar, os estudantes ocuparam suas escolas: dezenas de secundaristas decidem pular os muros, quebrar os cadeados, fazer barricadas de cadeiras no portão e penduram grandes faixas nas janelas: “A escola é nossa!”. Durante 2 meses, mais de 200 escolas paulistas foram ocupadas pela primeira vez na história do Brasil. A partir disso, a luta secundarista seguiu por vários espaços, ganhou diferentes formas de expressão e de movimento – O TEATRO FOI UMA DELAS.

.jpg)
Em 2017, o grupo passa a ocupar a Casa do Povo, e desenvolver uma prática semanal de teatro, dança e performance com a diretora Martha Kiss Perrone e lá cria e apresenta a sua primeira performance “Só me convidem para uma revolução onde eu possa dançar” para o encontro Performando Oposições e na MIT (Mostra Internacional de Teatro de São Paulo). Em 2018, após um ano de criação colaborativa, estreia seu primeiro espetáculo, Quando Quebra Queima.
O grupo tem construído um percurso de apresentações e oficinas para jovens em principais festivais e teatros do Brasil e da Europa, como o Festival de Curitiba, FIT (Festival Internacional de Rio Preto), Cena Brasil Internacional, Festival de Londrina.
Na Europa, apresentou no Festival Transform em Leeds, Festival MEXE na cidade do Porto, Festival Panorama em Paris no Centre National de La Dance. Foi convidado para uma residência e temporada de duas semanas no Battersea Arts Centre, em Londres, e no Contact Theater em Manchester.
Foi contemplado pelo prêmio Zé Renato da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, realizando uma circulação com o espetáculo Quando Quebra Queima nas escolas públicas de São Paulo, promovendo o encontro entre estudantes e a arte através do teatro e oficinas, provocando no espaço escolar novas formas de ocupação artística a partir do tema da educação e o dia a dia dos estudantes nas salas de aula.
.jpg)

Depoimentos do público após o espetáculo Quando Quebra Queima no Battersea Arts Centre em Londres
TEASER: ColetivA Ocupação | Inglaterra 2019
A frente de oficinas da coletivA ocupação surge do desejo de compartilhar ferramentas e revoltas, destruir fronteiras, e dividir a experiência do processo de criação de Quando Quebra Queima.
O grupo realizou mais de 20 oficinas para jovens e artistas de diversas cidades do Brasil e da Europa, usando como dispositivo a investigação do corpo e partindo dos exercícios performativos como ferramenta de trabalho e usando as vivências pessoais e memórias como disparadores de criação.
Por meio do trabalho de coro e corifeu; da estética do funk e outras corporalidades da cultura hip hop; canto-coral; e o próprio corpo de manifestação, encontramos um eixo para a materialização do corpo e palavra , como uma maneira de se desorganizar e organizar, se deslocar e existir no espaço da cena, no espaço da rua, no espaço da vida.
Tais ações pedagógicas ocuparam diversos espaços de arte, cultura e educação pelo Brasil e mundo, passando por uma gama de unidades SESC, atuando como coletivo facilitador do Projeto Criativos na Escola em 2018, ocupando a Universidade de Manchester, Contact Theatre (Manchester, Reino Unido), o Mexe Encontro de Arte e Comunidade (Porto, Portugal). Em 2020 realizamos com o Battersea Arts Centre um encontro de 2 dias com mais de 100 estudantes de diferentes cidades do Reino Unido, com debates, vivências e a oficina ”A rebelião cria: coro-multidão.”
OFICINAS E RESIDÊNCIAS
CIRCULAÇÃO NAS ESCOLAS
O projeto "Pausa para existir" da coletivA ocupação, foi contemplado pela 4º Edição do Prêmio Zé Renato da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, para a circulação de residências artísticas, rodas de conversa e apresentações do espetáculo Quando Quebra Queima em mais de dez escolas públicas, duas Fábricas de Cultura e no Centro Cultural da Juventude Ruth de Souza. Ao todo serão vinte apresentações gratuitas por toda São Paulo.
Realizar a circulação de Quando Quebra Queima nas escolas públicas e centros culturais, falando sobre as revoltas de estudantes dentro dos espaços onde elas aconteceram é urgente e fundamental para que as novas gerações possam libertar os lugares em que vivem e estudam e possam pensar e criar livremente. A coletivA ocupação reúne diferentes performers que em sua maioria são também de origem periférica e estudaram em escolas públicas, trazendo uma perspectiva íntima e particular de quem viveu o dia a dia nestes espaços e fez parte da sua transformação durante o movimento secundarista, trazendo uma nova perspectiva ao ambiente escolar, provocando autonomia e identificação em quem assiste, tocando especialmente o público jovem.


“Revisitar a Brasilândia
Com o trabalho que começou a partir dela
Com o corpo que foi criado por ela
Foi me perder
No espaço-tempo
Do afeto
Do prazer
Da imensa dor
De querer levar o morro todo pro universo
E esquecer que o morro
Já tem e é o seu próprio
Ele já tem sua autonomia
O que é necessário é criar o poder
Dele conseguir também acessar outros.”
(Ariane Aparecida, atriz. Ex-aprendiz da Fábrica de Cultura da Brasilândia)
“Foi lindo ver corpos como os meus, de pessoas com muita história e com um diálogo corporal verdadeiramente diverso. A maioria dos jovens que participaram das oficinas foram em todas as apresentações e isso só exemplifica o quão importante foi para todas em palco - público e performers. Ir para brasilândia, trocar com as pessoas do bairro, perceber que eu mesmo sendo de outro bairro, eles têm ali um jeito muito parecido de se estruturar e de estruturar a circulação artística dentro da periferia se faz importante porque a gente consegue enxergar mais de perto como realmente mudar o imaginário e a realidade de muitos que vão nos assistir.”
(Abraão Kimberley, ator e preparador vocal)

